Donald Trump afirma que tratado com a China permanece “intacto” e contradiz conselheiro da Casa Branca.
A bolsa brasileira sobe, nesta terça-feira, 23, em linha com o otimismo externo, após dados econômicos da Europa e dos Estados Unidos terem surpreendido positivamente os investidores e o presidente Donald Trump ter afastado a possibilidade de o acordo comercial com a China ter acabado, chegou afirmou seu conselheiro comercial, Peter Navarro. Às 14h31, o Ibovespa, principal índice de ações, subia 1,01% e marcava 96.296,44 pontos.
Na véspera, logo após Navarro afirmar, em entrevista à Fox News, que o acordo comercial com a China estava “acabado”, os futuros do S&P 500 chegaram a apresentar forte movimento de queda. Mas, logo se recuperou, depois de o presidente Trump ter afastado essa possibilidade por meio do Twitter. Segundo ele, o acordo permanece “intacto”. Posteriormente, o próprio Navarro disse que seus comentários foram “tirados de contexto”.
“Esse acordo é muito importante. A cooperação é uma das melhores alternativas para sair desse processo que causou grandes impactos nas economias”, afirmou Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.
A certeza de que o acordo comercial está mantido dá maior segurança para os investidores migrarem para ativos mais arriscados, como ações. Outro gatilho para o movimento positivo nos mercados globais veio de madrugada, com a divulgação dos índices de gerente de compras (PMIs, na sigla em inglês) de países da Europa, que vieram acima das expectativas.
Na zona do Euro, o PMI composto de junho ficou em 47,5 pontos, abaixo dos 50 pontos que delimitam a contração da expansão da atividade econômica, mas acima das projeções de mercado, que eram de 42,4 pontos. Os dados da França e do Reino Unido foram ainda melhores, chegando a apontar para algum crescimento da atividade fabril. Nesses dois países, o PMI industrial ficou levemente acima dos 50 pontos.
“A gente vê um clima de recuperação econômica, com os dados vindo acima dos esperados. Os PMIs da Europa, assim como a valorização do barril de petróleo, mostra que o mundo, aos poucos, está retomando”, disse Bertotti.
Nesta manhã, também saíram dados econômicos dos Estados Unidos, que, assim como os europeus, também superaram as expectativas, intensificando o movimento de alta nas bolsas de valores do mundo inteiro. Nos EUA, o PMI industrial de junho ficou em 49,6 pontos ante a projeção de 48 pontos. As vendas de casas novas referentes a maio também surpreenderam positivamente, apontando para crescimento de 16,6% em relação em relação ao mês de abril. A expectativa era de que esse número saltasse apenas 2,9%.
No Brasil, o temores sobre os desdobramentos do caso Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, segue como pano de fundo, mas sem exercer grande pressão sobre os ativos.
Também está no radar dos investidores locais a ata do Copom, que reiterou a possibilidade de mais um corte residual de 0,25 ponto percentual. No entanto, os efeitos sobre a bolsa são limitados. “Acredito que isso já esteja precificado, até porque, na data do corte, o comunicado do Bacen já alertava para isso”, afirmou Bertotti.
Na bolsa, as ações da Petrobras, com grande peso no índice, sobem mais de 4% e dão grande impulso ao Ibovespa, devido à participação da companhia no índice. No índice Small Caps, os papéis da PetroRio avançam 4,8%, após o presidente da companhia informar a Exame que pretende retomar as aquisições de ativos da Petrobras.
“A soma da notícia com o ambiente externo favorável, com o Trump reafirmando o acordo com a China, pode estar justificando a alta [dessas duas companhias]”, afirmou Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.
Fonte: EXAME