Os números do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (03), deixaram os economistas mais confiantes sobre a aceleração da atividade no país.
O crescimento foi de 0,6% na base trimestral e 1,2% na base anual, acima da expectativa do mercado.
Além disso, houve revisão para cima dos dados de 2018 e dos primeiros trimestres do ano, sinalizando um resultado melhor também no ano que vem.
“Um PIB com cara de 2% em 2020 começa a ficar muito possível. Para não acontecer tem que ter alguma tragédia, um choque muito negativo”, diz Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).
O Ibre revisou sua projeção do ano de 1,1% para 1,2%. Já o Goldman Sachs revisou de 1% para 1,2% o crescimento da economia em 2019 e de 2,2% para 2,3% o de 2020.
A avaliação é de que este crescimento dobrado está relativamente “contratado”, ou seja: não inclui grandes choques negativos nem positivos, já que será difícil avançar em reformas estruturais em um ano eleitoral e com as dificuldades políticas do governo.
A MB Associados, por outro lado, preferiu manter sua previsão de alta de 1,6% para o ano que vem. “O resultado (do 3º tri) animou quem estava mais pessimista. Nossa preocupação com 2020 é focada no cenário externo, que tem muitos riscos ainda. Não descarto crescimento podendo chegar a 2%, o que só saberemos quando o risco internacional arrefecer”, diz Sérgio Vale, economista chefe da MB.
O que está bem: consumo e construção
De forma geral, o crescimento da economia brasileira tem sido puxado pela expansão do consumo das famílias e do investimento das empresas.
“É um crescimento de melhor qualidade, que depende muito mais da demanda privada do que da contribuição do gasto público”, diz Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs.
O consumo das famílias, que é o principal componente pelo lado da demanda com 65% do PIB, cresceu pelo décimo trimestre seguido e vem se acelerando ao longo dos trimestres deste ano.
“E será ainda mais forte no quarto trimestre. A história continua e o consumo está ajudando a dar o ritmo de crescimento, até pelo peso que tem”, diz Silvia.
A inflação baixa, a queda dos juros, a expansão do crédito e a melhora no mercado de trabalho, ainda que muito apoiada na informalidade, são vistos como responsáveis por este movimento.
“Não se trata de um voo de galinha; é um crescimento bem sustentável”, diz Claudio Considera, pesquisador.
Fonte: EXAME